Apresentação


A ideia deste site surgiu em 2015 para facilitar o acesso mais amplo às cartilhas e textos produzidos a partir da sistematização de trabalhos de Extensão Universitária realizados por professores e estudantes da Universidade Federal de Viçosa. Por meio do projeto intitulado POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA, SABERES E PRÁTICAS, financiado pelo PROEXT, o conteúdo e as cartilhas foram sendo gerados e sistematizados. Aqui tem de tudo um pouco, de conhecimento científico a saberes e práticas populares geradas com grupos sociais numa interação mediada pelo diálogo problematizador. Por isso, a construção e a organização das informações exigiram uma concepção diferenciada de como é fazer pesquisa científica a partir do conhecimento popular. Por isso, mais que conteúdo científico, as cartilhas e folders traduzem uma etnociência, ou seja, uma ciência socialmente referendada. Assim, nesse material podemos ver outras formas de saber e práticas, que, com certeza foram ressignificadas, sistematizadas e formatadas para registro, de forma que esses saberes e práticas não se perdessem nas dinâmicas do esquecimento das lutas sociais. Os resultados dessa etnociência revelam uma fusão de horizontes, uma síntese superior orientada por valores e intencionalidades compartilhadas por grupos em interação e mediados pela ação da Universidade. A potencialidade do material vem de sua forma de produção e apresentação, concebidas para permitirem maior apropriação social dos conteúdos, principalmente para aqueles que estiveram diretamente envolvidos nos processos que permitiram sua construção. Assim, acredita-se que o material deste site esteja apropriado para os que se assemelham, em termos de condições sociais, aos grupos que originalmente se envolveram diretamente com os processos de interação da Universidade com a sociedade. Esse material representa, assim, uma potência das almas, que engloba professores, estudantes, técnicos ou grupos sociais externos ao universo acadêmico. A diversidade, a multidisciplinariedade, a transdiciplinariedade, a multiprofissionalidade são as marcas desses produtos de Extensão Universitária que se faz na interface com as pesquisas etnocientíficas. Por isso, o que aproxima todo o material dessa coletânea é sua metodologia, ou seja, sua forma dialógica e participativa de produção. Cabe destacar que a produção do material didático-popular deste site atribui um valor diferenciado à técnica entendida como competência que viabiliza autonomia e identidade. Isso porque, a técnica, ao mesmo tempo, reproduz o que já é conhecido (na sociedade ou num grupo social) e permite ou fundamenta novas criações. Assim, as cartilhas e folders não são meras receitas, mas modos de dizer sobre os modos de fazer, que buscam explicar os porquês de se fazer assim e não de outro jeito. Essas técnicas não são mercadorias, produto para venda. São técnicas sociais, fazeres que podem ser socializados porque viabilizam autonomia e controle social de modos de vida dignos. Austin dizia que há que se perceber “quando falar é fazer alguma coisa”. Esses materiais orientaram-se pela perspectiva construtivista e problematizadora, para o que se exige competência de pesquisa sistemática, disposição para o diálogo e respeito à diversidade. Numa sociedade desigual como a nossa, essas cartilhas e folders adquirem caráter político, pois lidam com o poder das pessoas de se afirmarem como capazes de direcionar seu modo de vida como cidadãos de direitos. Os registros e sistematizações de observações e coleta de dados são, aqui, mais que procedimentos metodológicos. Eles não são procedimentos exclusivos da pesquisa, mas ações necessárias às lógicas sociológicas e antropológicas, pois identificam a sociobiodiversidade cultural dos saberes. Com certeza, a experiência com Extensão Universitária, que se faz em interface com a pesquisa sistemática e referendada socialmente, permite resultados como esses. Essa experiência explicita, ainda, a necessidade de outras habilidades e concepções de mundo que se refletem no desenvolvimento não só da ciência, mas dos saberes e das práticas sociais. E, finalmente, só se pode saber o significado último desse tipo de experiência universitária aqueles que se dispuserem a viver, com toda sua potencialidade, as atividades da extensão, dentro ou fora do espaço da Universidade. Para os que ainda não puderam experimentar vivências como essas, é bom dizer que nesse tipo de Extensão pulsa prazer, vida e um conhecimento capaz de nos tornar seres diferenciados, mais compreensivos, mais humildes, enfim, mais humanos. France Maria Gontijo Coelho Professora Titular do Departamento de Economia Rural Áreas de Conhecimento: Epistemologia e História da Ciência e Tecnologia, Extensão Rural e Metodologia de Pesquisa

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